quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Professora Waldir Pinto Montenegro Matos


A história de uma educadora idealista, determinada e realizadora
Apesar de ter dedicado toda a sua vida à educação do município de Ibicaraí, a professora Waldir Pinto Montenegro Matos, ou apenas professora Waldir Montenegro (como era mais conhecida), nasceu num sítio, no Bairro Lameirão, da cidade de Caetité, no dia 28 de março de 1917. Em meio aos dois irmãos e aos pais Francisco Pinto Montenegro e Rita Morais Montenegro, a professora teve uma vida ativa e cheia de alegria. Nos seus primeiros anos de vida, conheceu as letras e a tabuada, com o auxílio da sua mãe, D. Rita.

Em 1931, passou a estudar nas escolas anexas da cidade de Caetité, a Escola Normal - que na época era famosa em todo o Brasil por formar professores de magistério de ensino primário. Em 1936 ela concluiu o curso e um ano depois foi lecionar na Vila de Santa Rosa de Condeúba, dando assim, início a sua vida pedagógica, como professora do município. 

Em 1938, participou de um concurso do estado para professores leigos e ficou entre as cinco melhores. Nomeada no dia 06 de maio do mesmo ano, a professora Waldir foi lecionar na Escola Estadual de São João do Alípio, no município de Condeúba. Lá, ela conheceu o também jovem docente Oscar de Queiroz, que no dia 27 de fevereiro de 1940 tornou-se o seu esposo.   Pouco mais de um ano após formalizarem o matrimônio, a professora Waldir deu a luz ao seu primogênito na cidade de Serra Dourada e, em homenagem ao a  mor do casal, batizaram-no com o nome de Osdyr. Um anagrama de Oscar e Waldir.

Forte e sempre determinada, a professora Waldir tirava o tempo livre para se dedicar a algumas costuras e bordados. O objetivo era faturar um capital extra, vendendo as peças de roupas nas fazendas da região, pois só os ordenados como professora eram insuficientes. Durante o período noturno, ela dava aula particular às pessoas de mais idade e ficou marcada na época com a criação da alfabetização de adultos.

No ano de 1944, a professora Waldir foi transferida para a cidade de Livramento de Brumado, onde concebeu a primeira filha, que faleceu logo após o nascimento. Porém, foi abençoada pouco tempo depois, com os nascimentos consecutivos de mais três filhos: Walmar, Magnólia e Osdymar.   Em Livramento ela foi reajustada no cargo de Professora do ensino primário do interior, Classe "B". No ano de 1947 foi designada para reger Curso Supletivo de Educação de adultos. Em 1949 fez parte da Sociedade Cooperativa de Educação e Cultura e no ano de 1951 foi nomeada Diretora F G 1 das Escolas Lelis Piedade.

No dia 13 de abril de 1954, sendo transferida de Livramento de Brumado, a professora Waldir mudou-se para a cidade de Ibicaraí, a princípio ela chegou desacompanhada e ficou alojada na casa da Profª Editi Costa – amiga dos tempos em que moravam em Condeúba. Depois, se uniu ao esposo e filhos.  

Em Ibicaraí a professora havia chegado para lecionar aulas de geografia e história geral e do Brasil, no Colégio Ginasial 14 de Agosto, porém, devido à escassez de professores, a docente passou a lecionar também aulas de Educação Física, Educação Artística e Prendas Domésticas. Só que ela também teve que enfrentar inúmeras barreiras: uma delas foi no setor administrativo da escola, outro no comportamento chauvinista masculino da época. Pois quando a oligarquia vigente deparou-se com uma mulher de forte personalidade e determinada a lutar pelos seus ideais, eles passaram a vê-la com maus olhos e sem nenhum motivo a professora foi dispensada do cargo.  

Waldir, no entanto, não desanimou, pelo contrário, buscou forças políticas e uniu-se ao professor Oscar de Queiros (seu esposo) e ao amigo José Guedes. Juntos eles criaram a Cooperativa de Educação e Cultura de Ibicaraí, formalizaram um projeto para o estabelecimento de uma nova escola ginasial na cidade e enviaram os documentos ao Departamento do Ensino Comercial do Ministério da Educação e Cultura. Após aproximadamente um ano, decorridos de alguns desacertos influenciados pela oposição, a Escola Comercial Noturna em fim, pode realizar os exames de admissão, concretizando a vitória da professora, que não parou por aí. 

Com ajuda do esposo e alguns amigos como: José Guedes que abraçou a luta da professora e João Batista de Assis, que doou o terreno para a construção do prédio, que anos mais tarde veio a se tornar Academia de Educação Montenegro e, em seguida, Faculdades de Educação Montenegro, a história da professora Waldir passou a ser confundida com a história da Academia Montenegro. 

Num depoimento, a professora Yolanda Guedes descreveu a luta e os feitos da professora Waldir diante dos desafios: 
Continuou a lutar em prol da educação sempre determinada, idealista e realizadora de grandes ideais. Não se deixava abater pelo cansaço, problemas e obstáculos. Enfrentou grandes desafios. Foi forte! Pregou moral, respeito, conhecimento e, sobretudo disciplina. Tornou-se conhecida em toda a região e porque não dizer na Bahia por seus grandes feitos. Efetuou os mais lindos desfiles para homenagear o colégio, Ibicaraí, a Bahia e o Brasil. Era uma mulher de filera, de honestidade e de palavra.
 Ao completar o quadragenário, a professora Waldir teve o seu último filho, este nasceu na cidade de Ibicaraí e foi batizado com o nome da professora. Porém, apesar dos pelejos da vida materna, um ano depois, ela foi nomeada para função de Diretora das Escolas da Sede do Município
No ano de 1959, a professora Waldir se candidatou para uma cadeira no legislativo municipal e ficou marcada na história política do município ao se tornar a primeira mulher a exercer o cargo de vereadora, contrariando completamente aqueles que se opuseram a ajudá-la.

No entanto, ela deixou um legado na educação do município ao educar mais de 31 mil alunos. Sempre de forma organizada, exigente e tradicional, ou seja, ela utilizava os castigos como forma de reprimir os alunos mais desobedientes.  Este método pedagógico intimidou muitos alunos que passaram a temê-la pela sua forma de agir. Apesar da rigidez na forma de exigir disciplina dos seus alunos, ela se demonstrava uma pessoa atenciosa e de bons sentimentos, como revela a aluna e amiga Nilza Gama, em seu depoimento: 
 Na minha trajetória estudantil a conheci melhor como mestra e como pessoa, muito me incentivou nos meus cursos de magistério e pedagogia, eu a via uma mulher gigante de coração bondoso. Ela tinha um sonho, este não foi realizado. Disse-me certa vez que um dos grandes sonhos era encontrar um bebê na sua porta, muitas vezes na madrugada levantava para olhar no canteiro da sua casa se não estaria ali uma criança dentro de um cestinho, esperando para ela recolher.
Na Academia de Educação Montenegro ela marcou a época com os belos desfiles em comemoração às datas cívicas e religiosas. E na prática do esporte, onde levava seus alunos para competir em diversas cidades da região. 

Professora Waldir ao lado das bandeiras dos estados do Brasil
Aos 72 (setenta e dois) anos de idade, a professora Waldir fez mais um grande empreendimento na educação, que se tornou importante não apenas para o município como para todo estado da Bahia, quando conseguiu através de Portarias Ministeriais, o direito de administrar aulas do curso superior de Educação Física (licenciatura plena), na sua instituição de ensino. Na época ela se tornou a fundadora da primeira Faculdade de Educação Física da Bahia. Seis meses depois trouxe o curso de Pedagogia (licenciatura plena), com habilitações em magistério das matérias pedagógicas, Administração Escolar e Orientação Educacional, criando assim a Faculdade de Educação Montenegro. Dez anos depois, implantou mais dois cursos superiores na sua instituição de ensino: Turismo e Secretariado Executivo bilíngue ambos bacharelado. 

Nos seus últimos anos de vida viu-se obrigada a entregar a administração do seu patrimônio nas mãos de terceiros. Situação em que acarretou inúmeros desacertos administrativos e uma dívida que a levou a se desfazer do seu grande patrimônio (a Faculdade). 

Ainda sobre a sua forma pedagógica, muitos alunos diziam que “a professora Waldir era tão exigente que até mesmo no dia do seu velório as aulas decorreriam como nos dias normais”. Mas quis o destino que na mesma semana em que se comemorava o dia dos professores e justamente no dia (11/10/2011) em que se comemora o “Dia de Nossa Senhora Aparecida” (padroeira das Faculdades Montenegro e santa devota da professora Waldir), ela se despediu deste mundo com pompas de uma grande mulher como descreve a professora Yolanda Guedes em seu depoimento.

Em seu sepultamento recebeu homenagens e seu féretro foi muito solene. As bandeiras tremulavam em sinal de respeito e gratidão pela mulher educadora que deixou marcas indeléveis na educação da coletividade.
A professora Waldir faleceu no dia 10 de outubro de 2011 e foi sepultada no dia 11, aos 94 anos de idade.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Construção do Portal Monumental de Ibicaraí

Desde a sua construção o Portal de entrada tem sido referência em toda a Bahia, como um marco especial da cidade de Ibicaraí

Flamarion Matos, Henrique Oliveira, Fernando Almeida, Mestre Zezito e Carlos Henrique
Com a construção do Terminal Rodoviário em Ibicaraí, no ano de 1985, o tráfego de automóveis aumentou consideravelmente na entrada da cidade, e para evitar possíveis acidentes no local, o gestor municipal da época, Henrique Oliveira, se reuniu com os seus assessores e decidiram construir um trevo. A ideia logo ganhou proporções além do imaginário social, se tornou um marco na região cacaueira e motivo de orgulho para os munícipes ibicaraienses.

Projeto inicial
Em 1986, o então prefeito Henrique Oliveira, decidiu contratar a empresa SCC (Serviços de Consultoria Comercio e Construção Ltda.), para discutir o projeto do monumento. O objetivo era agregar a necessidade da obra com a criação de um monumento que marcasse a imagem do município e pudesse levar o nome da cidade além das fronteiras do estado.

Obras em andamento (foto: 10/1986)
Tendo como referência o Portal da cidade de Gramado, no Rio Grande do Sul, os engenheiros da empresa contratada elaboraram o projeto, que foi bem aceita pelo gestor municipal. No projeto ficou decidido que iriam ser construídos dois monumentos: um em formato de parábola (o portal) e outro no formato Helicoidal (que ficaria ao lado do Portal). Sendo assim, no dia 07 de agosto de 1986, a empresa SCC deu início aos trabalhos de construção, com data de encerramento marcada para o dia 22 de outubro do mesmo ano, ou seja, 75 dias após o início das obras. O objetivo era inaugurar o Portal no dia do aniversário dos 34 anos de emancipação política de Ibicaraí.

Foto tira em setembro de 1986
Num jornal publicado no mês de agosto de 1986, intitulado de “Jornal da Cidade”, o autor ajusta as suas palavras ao dos engenheiros Carlos Henrique e Luis Carlos Lopes e descreve as características da obra:

Segundo os engenheiros Carlos Henrique e Luis Carlos Lopes responsáveis pela obra, “o Portal de entrada será de concreto armado, em forma de dois arcos, com altura máxima de 8,9 metros e largura total de 44 metros. Na sua estrutura serão gravados em relevo o nome e brasão do município, sendo que ao lado está prevista a edificação de um monumento da administração Henrique Oliveira.

O autor ainda acrescenta:

Conforme ainda os engenheiros da SCC, “além do Portal e do monumento ficaremos responsáveis em alargar os 100 primeiros metros das pistas de entrada da cidade, fazer o sistema de iluminação, que será dotado com lâmpadas de sódio de 400 watts, canteiro divisórios da pista, onde estarão os mastros de 16 bandeiras de cidades da Região Cacaueira[...] 

Foto tirada em setembro de 1986
No dia 22 de outubro de 1986, ainda com algumas pendências principalmente no setor de paisagismo, a obra foi inaugurada na presença do governador João Durval, o prof. Josaphat Marinho, Jairo Carneiro, o prefeito Henrique Oliveira, primeira dama Baby Oliveira, Sérgio Carneiro e a sociedade ibicaraiense, que compareceu em grande número.

Obra no dia da inauguração (foto: 10/1986)
Apesar dos monumentos terem conseguido atingir o objetivo principal, ou seja, ter se tornado um marco na lembrança dos visitantes e dos munícipes local, pouco se sabia sobre a filosofia da sua geometria. No entanto, o autor do “Jornal da Cidade” na edição de setembro de 1986, volta a ajustar suas palavras ao do autor do projeto arquitetônico, Sr. Fernando Almeida, para explicar a ideia dos desenhos geométricos da obra:

Referindo-se às formas geométricas criadas para o Acesso Monumental de Ibicaraí, Fernando Almeida optou pela parábola, “que tende sempre para o infinito, numa alusão a procura constante do progresso”. Quanto ao marco que será erguido junto à parte principal do projeto, ele escolheu uma forma helicoidal, “encontrada nas mais antigas e sábias civilizações simbolizando a elevação cósmica para o universo”. Segundo ele, “a parábola e o monumento helicoidal servem como um ponto de reflexão maior sobre a própria criação dos cosmos e para onde poderemos elevar, como os nossos atos e pensamentos, a nossa sociedade”.  
Monumento em formato helicoidal (foto: 27/10/2011)
Portal em formato de parábola (foto: 27/10/2011)


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Uma sinopse da história da Professora Waldir Montenegro


Professora Waldir lecionando em na década de 50
Em meados da década de 1950, uma mulher de forte personalidade deixou a família no sudoeste baiano para transformar a recém emancipada Ibicaraí. Logo de cara, na primeira eleição para o legislativo municipal, ela foi de encontro aos ideais chauvinistas e tornou-se a primeira vereadora do município. Apesar de se envolver no meio político, ela havia chegado ao local para instruir a população e, com uma visão ampla, percebeu o aumento populacional e a necessidade da criação de mais uma escola ginasial.

Obstinada na construção da escola, ela encontrou inúmeros obstáculos com a oligarquia vigente – devido ao já existente Colégio 14 de agosto -, mas, demonstrou força e perseverança para derrubar todos os empecilhos, e foi ainda mais longe: transformou um pavilhão com três salas separadas por tabiques de madeira numa Faculdade de renome nacional.

A professora Waldir Montenegro ficou marcada na história dos munícipes ibicaraienses pela sua característica de tendência pedagógica tradicional, tendo sob a sua direção, um pouco mais de 31 mil alunos, que a respeitava pelo seu posicionamento sério, exigente e sobre tudo, pela sua competência em lecionar, mas, no dia 11 de outubro de 2011, o povo ibicaraiense ficou lúgubre, pois, aquela que tanto fez pela educação e a sociedade ibicaraiense, em fim, deu o seu último adeus.

"Este texto é apenas um resumo, clic aqui e conheça a história da professora Waldir Montenegro".

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A história do Clube dos Comerciários de Ibicaraí

quarta-feira, 20 de julho de 2011
por Murilo Benevides Fotos da história do CCI no orkut

Hoje, o Clube dos Comerciários de  Ibicaraí está completando 64 anos de fundação, neste período vários personagens, fatos e acontecimento ligados a entidade se misturaram a outros tantos discorridos pela sociedade ibicaraiense, e é neste contexto de miscelânea social, que me atrevi a contar um pouco da história deste tradicional clube.

Eventos na primeira sede oficial do CCI
Na década de 40, Ibicaraí ainda era um distrito ligado à cidade de Itabuna, porém, um lugar bastante alegre e festivo, onde reunia personagens de várias partes da região. No centro do distrito, precisamente onde hoje funciona a Agência dos Correios, havia um Clube Social, famoso por proporcionar os tradicionais bailes festivos.

Apesar dos grandes eventos proporcionados pelos diretores da entidade, apenas a burguesia vigente, ou seja, juízes, advogados, fazendeiros, comerciantes, etc. frequentavam as dependências do Clube, deixando de fora a maior parte da sociedade.

Primeira sede da associação
Sentindo-se excluídos dos famosos eventos sociais, os comerciários do município tiveram a ideia de criar um espaço alternativo, que também pudessem fazer as suas festas, entretanto, o baixo poder aquisitivo dificultou o florescimento da ideia, situação que perdeu força depois do desentendimento entre os diretores do Clube Social com o freqüentador João Assis Pimenta, que ficou impedido de frequentar o Clube. Inconformado com a decisão dos diretores, outro frequentador do Clube Social, Hidelbrando Francisco de Assis procurou o amigo João Pimenta e juntos formaram um novo grupo e resolveram colocar a ideia dos comerciários em prática.

Para início, o novo grupo ocupou o imóvel onde hoje funciona o escritório de compra de cacau do Sr. Mário Augusto Modesto, na Rua Barão do Rio Branco. Entretanto, percebeu-se que o local não era adequado para a realização das atividades festivas, resolveram mudar para o Colégio do professor Otávio Monteiro, onde hoje está localizada a loja de materiais para construção “A Nacional”.

Apresentação do Conjunto Jedson, na Micareta de 1984
Em 20 de julho de 1947, coincidentemente no dia do amigo, foi inaugurada a nova sede, com a denominação Clube dos Comerciários de Ibicaraí, tendo como primeiro presidente, o Sr. João Esteves dos Santos. O novo local logo se tornou - nos finais de semana - um dos pontos de encontro mais concorridos da cidade, além do espaço para dançar, beber e bater papo, o local também foi utilizado, por várias vezes, para apresentações teatrais. Entretanto, o fato de prepara as salas para os badalados finais de semana e depois ter a obrigação de deixá-las prontas e arrumadas para as aulas da segunda-feira pela manhã, tornou-se impreterível providenciar um espaço definitivo para a realização dos bailes sociais.
 
Fantasias a caráter
No final da década de 50, Ibicaraí já havia se emancipado e, o prefeito do jovem município, o Sr. Almir B. Menezes, demonstro-se interessado em colaborar para a construção da nova sede. Com o apoio de outras pessoas influentes na sociedade, o projeto ganhou forças que permitiu a aquisição de um terreno, em frente ao mesmo local onde estava funcionado a sede provisória, ao lado da feira municipal. Em pouco tempo as obras foram iniciada e no ano seguinte, já estava funcionando a nova sede oficial do Clube dos Comerciários de Ibicaraí, com mais espaço e maior comodidade, as festas de Micareta se tornaram memoráveis para toda sociedade, com apresentações de várias bandas do município, de toda a região e do Brasil, sempre encerradas com a banda “Bispão”, que conduzia os foliões com instrumentos de sopro, para encerrar os festejos na Praça Henrique Sampaio.

No decorrer dos anos seguinte, outros nomes assumiram a responsabilidade da presidência e sempre com o mesmo objetivo festivo.

Confira relação de todos os presidentes do Clube dos Comerciários de Ibicaraí:
Período                                             Presidente
1947/1949     João Esteves dos Santos
1949/1951     * Euclides Rosalino dos Santos
1951/1953     *Euclides Rosalino dos Santos
1953/1955     *João Esteves dos Santos
1955/1957     *Tescon Bertelot Miranda
1957/1959     *João Batista de Assis
1959/1961                -
1961/1963     Gilberto Carvalho Mota
1963/1965     Josuel Alves Macedo Santos
1965/1967     Gilberto Carvalho Mota
1967/1969     José Carlos de Oliveira
1969/1971     José Néri de Santana
1971/1973     Rosalvo Florentino do Nascimento
1973/1975     José Pedro Monteiro Lira/Rosalvo Florentino do Nascimento
1975/1977     Milton Gama de Oliveira/ Samuel Macedo Santana
1977/1979     Vicente Silva Correa
1979/1981     José Raimundo de Moura
1981/1982     Joselito Leal Mota
1982/1984     José Pinto Leal
1984/1986     José Pinto Leal       
1986/1988     José Pinto Leal
1988/1990     José Pinto Leal
1990/1992     Joilson Filadelfo
1992/1994     Paulo César Ferreira Ramos
1994/1996     Rafael Oliveira Santos
1996/1998     Anselmo Alves dos Santos/ Edileuza Garcia Gomes
1998/2000     Rafael Oliveira Santos
2000/2002     Rafael Oliveira Santos
2002/2004     Rafael Oliveira Santos
2004/2006     Paulo César Ferreira Ramos
2006/2008     Rildo/ Fábio Souza
2008/2010     Fábio Sousa
2011/2013     José Guilherme

Fonte: Dados da Pesquisa.                                             * Período de administração incerto


Grupo de sócios reunidos para a demarcação do novo terreno
No final da década de 60, o número de sócios havia crescido. A necessidade de um espaço maior tornou-se evidente a cada baile realizado na entidade. Em 1969, o então presidente do Clube dos Comerciários Sr. José Néri de Santana, negociou a compra do terreno das freiras, pertencente à Congregação Irmãs Filhas da Igreja, dividindo o pagamento em 24 parcelas mensais.

Em 1971, no termino da gestão do Sr. José Neri, foi concluído também, o pagamento da última promissória, definindo de uma vez por todas a compra do terreno, motivo de muita comemoração entre os diretores e os sócios do Clube. Entretanto, apenas o primeiro passo havia sido dado e a missão seguinte seria construir a nova sede.

Devido à “tropeços” na administração de alguns gestores - como foi o caso do ex-presidente Joselito Leal Mota, que segundo a ata de 11 de dezembro de 1981, consta o afastamento do mesmo, do cargo de presidente da entidade, por demonstrar falta de credibilidade na sua administração - a nova sede demorou de sair do papel.

José Pinto, com o capacete de operário, fiscalizando as obras da nova sede
Entretanto, José Pinto Leal assumiu o cargo da direção com a missão de mudar a cara do Clube, e com a ajuda dos sócios, do comércio local e dos políticos da época, a diretoria conseguiu organizar inúmeras programações para angariar recursos, como os grandiosos bingos, com os quais os valores arrecadados foram direcionados à construção da nova sede social.

Em 1984, o sonho começou a sair do papel, e sobre os olhares do presidente José Pinto Leal, o projeto ganhou forma. Apesar da magnitude da obra, em pouco tempo o novo salão ficou disponível para os festejos dos sócios e de toda a comunidade. Vários eventos foram realizados no Clube dos Comerciários de Ibicaraí como: os bailes de debutantes, festas juninas, micaretas, bingos, desfile da Garota CCI e vários outros eventos. Neste ambiente fértil de alegria, varias bandas se apresentaram dentre elas estão: Alma Latina, Cassino de Sevilha, Acarajé com Camarão, Asas Livres, Axé, Bispão, Bonde do Forró, Bragada, Frank Aguiar, Calcinha Preta, Cacau com Leite, Caviar com Rapadura, Chorpus, Cio da Terra, Conexão, Cordas e Vocais, Estilo 7, RG7, Flor de Cactus, Imagem, Impressão Digital, Joedson, Kallifa, Latitude 10, Lordão, Luis Bahia Show, Mente Livre, Noite de Estrelas, os Águias, Phase, Raimundo & Ribeiro, Raio da Silibrina, Santa Paula, Trio da Huanna, Top Love e várias outras.

Anos mais tarde foram construídas as piscinas, o salão de jogos, a academia de musculação, a ampliação da área do bar e o campo de futebol.

Val do Luxo e Murilo Benevides
Este último começou a ser construído em abril de 1997, devido ao empenho do saudoso Edivaldo Moreira da Silva, o vulgo “Val do Luxo”, - taxei-o como saudoso porque é de meu conhecimento o valor deste ser humano, que esteve sempre empenhado nas atividades esportivas do clube (ao lado direito Val me entrega o prêmio de artilheiro em 2004). A influência de Val trouxe o apoio do prefeito da época Sr. Astor Mauro Ribeiro, que disponibilizou a Patrol da prefeitura para o alinhamento do terreno, em seguida, ficou a cargo dos diretores e dos sócios a implantação das árvores, do gramado, das traves etc.. Em janeiro de 1998, foi inaugurado o campo de futebol com a realização de um torneio. Em 1999 foi realizado o primeiro campeonato de futebol do Clube dos Comerciários de Ibicaraí, com apenas uma categoria mista, e tendo como campeão o Casa da Pempa. Nos anos seguintes a competição foi dividida em duas categorias, novos e máster. Cronologicamente os campeões seguiram a seguinte ordem:

Ano                                        Novos                                               Máster
1999                                                    Casa da Pemba
2000                                      Toca do Urubu                    Santa Cruz
2011                                      Bahia                                    Primavera
2002                                      Babado Novo                       Primavera
2003                                      Bahia                                    União
2004                                      BNEC                                               Barateiro
2005                                      Nacional                               Cerâmica Ibicaraí
2006                                      Kirloucos                              Lig Max
2007                                      Os Cobras                            Barateiro
2008                                      Os Cobras                            Cerâmica Ibicaraí
2009                                      Dinamáfia                            Coaraci
2010                                      Ótica Smar                           Os Esponjas

Desfile da Garota CCI
Porém, o Clube não ficou restrito apenas ao futebol de campo. Os desfiles da Garota CCI realizado anualmente pelo Sr. Paulo César Ferreira Ramos reuniram as mais belas garotas da cidade. Outros eventos como as competições de futebol de salão, vôlei e natação se tornaram referência em toda a região, por envolver várias cidades vizinhas.

Prof. Julival Pereira colocando a medalha de um jovem nadador
Apesar dos momentos gloriosos, o Clube dos Comerciários de Ibicaraí teve uma decadência nos últimos anos, alguns pesquisadores apontam para o empobrecimento da região, com a crise na monocultura do cacau.
O associado do Clube dos Comerciários de Ibicaraí hoje tem a sua disposição: as aulas de natação; os banhos de sol na beira da piscina de terça a domingo; as peladas de futsal nas terças, quartas e quintas-feiras à noite; o campeonato de futsal; o campeonato de futebol de campo. O presidente José Guilherme ainda tem se empenhado para realizar uma das etapa do baiano de natação na piscina do clube, tentando resgatar as tradições que nos últimos anos deixaram de existir.

A diretoria do Clube dos Comerciários de Ibicaraí hoje é composta pelos seguintes associados: 

Cargo                                    Nomes
Presidente                                       José Guilherme Souza Santos
Vice-presidente                               Joel Gomes da Silva
1° Secretário                                    Evanildo Ferreira Bispo
2° Secretário                                    Rildo Pereira Campos
1° Tesoureiro                                   Fredson José dos santos
2° Tesoureiro                                   Renato Farias Calixto
Conselho Fiscal                             Julival Pereira Santos
Membro do Conselho Fiscal        Valtaire Alves Moreira e
Membro do Conselho Fiscal        Jacson Gomes de Araújo
Suplente do Conselho Fiscal      Danilo Gomes Lima
Suplente do Conselho Fiscal      Salatiel de Jesus Almeida
Suplente do Conselho Fiscal      Almir Oliveira da Silva

Texto a seguir foi publicado em julho de 1986 pelo "Jornal da Cidade"


julho de 1986 – JORNAL DA CIDADE – pag. 05
Os 39 anos do Clube dos Comerciários de Ibicaraí
José Esteves dos Santos
1° presidente do CCI
A história do Clube dos Comerciários de Ibicaraí remonta aos anos de 1944/45 e está intimamente ligada aos integrantes do cordão de micareta “Amantes da Folia”, organizado por João Esteves dos Santos, à época funcionário da firma Modesto Irmãos e, posteriormente, primeiro presidente da entidade.
Conforme ele nos relata, “a rapaziada do cordão de micareta realmente era uma turma animada, que gostava de promover festas populares nas dependências do Colégio Rui Barbosa, dirigido pelo professor Otávio Monteiro, situado onde hoje funciona a casa comercial do “seu” Chiquinho. Em uma destas festas, a de São João, resolvemos economizar dinheiro para a próxima micareta, quando alguém sugeriu que ao invés da festa fundássemos um clube”.
“Naquele tempo” – continua João Esteves – “Ibicaraí só possuía o Clube Social, reservado a alguns poucos casais da elite. Nas festas, quando raramente conseguíamos entrar, a situação era a de uns poucos ricos dançando e nós espiando. A ideia do nosso clube foi amadurecendo e ao mesmo tempo em que a batizávamos de Clube dos Comerciários, cinco das quarenta pessoas reunidas para formar a sociedade contribuíram com 50 mil reis cada uma para mandar imprimir em Itajuípe material referente às mensalidades, carteiras, jóias, etc.”.
“Tempos depois” – esclarece ele – “em uma reunião na casa do Sr. Celso Assis, o velho decidiu que eu fosse o primeiro presidente da primeira assembleia. Assim, no dia 20 de julho de 1947, no salão do Colégio Rui Barbosa, fui aclamado presidente e ao meu lado estavam na diretoria do clube Hidelbrando Assis, Antônio Catarino dos Santos, João Assis Pimenta, José Alves dos Santos, Carmecito Maciel, José Martins Filho e Dete Macedo, se não me falha a memória.
Segundo os Estatutos do clube, copiados do Clube dos Comerciários de Ilhéus, cada diretor tinha poder de mando de um ano. Assim, em 1948 houve a primeira votação para diretores do clube, quando a chapa encabeçada por João Esteves dos Santos venceu a liderada por Porfírio Tavares de Souza. Entretanto, os escolhidos não tiveram sorte, pois numa festa em que tinha tomado um mil réis da firma Correa Ribeiro para bancar as despesas de produção, o gerente do bar do clube agiu irresponsavelmente causando enorme prejuízo para a agremiação, que ficou fadada ao fracasso.
A situação precisava ser contornada e a única solução para o impasse foi a intervenção de 11 (onze) membros da associação, que afastaram João Esteves e assumiram o destino do Clube dos Comerciários de Ibicaraí. O “Grupo dos 11” era formado por Tescon Miranda, João Batista de Assis, José Alves Pimenta, Clodoaldo Vieira de Souza, Álvaro Guilherme, Edson Oliveira, José Martins Filho, Josué Kruschewsky, Bailon Barreto Rios Carmecito Maciel e João Pimenta.
Os interventores trataram de resgatar a dívida do clube e pouco tempo depois dos inícios dos seus trabalhos adquiriram, através de troca Srª. Cândida Maria de Jesus, a área da primeira sede do clube,localizado ao lado da feira livre municipal e em frente ao Colégio Rui Barbosa. Os alicerces da obra foram levantados por intensa mobilidade encabeçada por Tescon Miranda, enquanto que os restantes da sede foi construída em 40 (quarenta) dias, em vista da micareta daquele ano, por Almir Barboza de Almeida, eleito presidente dos comerciários quando da sua candidatura para prefeito do município.
Por quase quatro décadas os “Comerciários” viram suceder-se no salão de baile da sua primeira sede, gerações de ibicaraienses que pouco a pouco transformaram os costumes da comunidade, em consonância com o que ocorria no país e no mundo. Às orquestras de sopro, aos ternos engomados, e vestidos de laçarote seguiram-se conjuntos eletrônicos, o flirt malicioso da rapaziada do twist com gosto de chiclete de hortelã, a geração das roupas coloridas e do “Paz e Amor”, os meninos e meninas da discoteque, a rapaziada motorizada do rock nacional.
Também por quase quatro décadas sucederam-se diretorias à frente do associação, que durante este tempo experimentou momentos de depressão e também de grande sucesso, como tudo que acontece na vida. Os objetivos de recreação, de local de decisões sobre o município, de convergência de famílias para um relacionamento comunitário sempre nortearam os parâmetros da entidade e dos seus dirigentes, os quais vislumbraram um futuro promissor para o CCI.
Assim é que em 1971, quando a frente da agremiação estava José Carlos de Oliveira, foi comprado por 25 mil cruzeiros e em mãos de ordem das filhas da Igreja, o terreno de 13.746 m²  localizado no Bairro Aderbal Morais de Assis, onde pretendia-se construir, assim que possível, uma nova sede para o clube, que comportasse comodamente os associados em número sempre crescente.
Alguns anos se passaram e o tempo encarregou-se de solidificar as ações que viabilizassem o futuro dos comerciários. Em 3 de novembro de 1984, a diretoria presidida por José Pinto Leal iniciou as obras de construção da segunda sede do clube, projetada pelo engenheiro Marcos Teixeira Teles, filho de Ibicaraí e residente em Ilhéus. O projeto era arrojado e por alguns céticos foi chamada de “faraônico” e absurdo.
Após reformulações nos estatutos e lançamento de títulos patrimoniais, que proporcionaram arrecardações de fundos, os muros e alicerces da nova sede foram levantados. “Com pouco dinheiro em caixa mas, com muita credibilidade no comércio e instituições bancárias do município” a obra foi, devagar mas precisamente, tocada, e logo vieram as vigas de sustentação, as paredes, o teto de ferro e zinco, as instalações elétricas e de esgoto, os sanitários, os bares, os camarins, enfim; a infraestrutura necessária que oferecesse condições para algumas atividades nas instalações do clube e que revertesse qualquer renda.
Os bingos com prêmios doados por benfeitores, a “força” da prefeitura municipal, sob a administração de Henrique Oliveira, a inestimável colaboração dos associados e a garra da diretoria do  clube, que foi eleita em 84 e se perpetua na direção da casa até os dias de hoje através de indicações da assembleia, possibilitaram que a micareta de 1986 o salão de 980 m² fosse literalmente tomado com a alegria, cores e organização que reinavam no ambiente.
Para José Pinto, “ ao presenciarmos aquele imenso salão cheio de gente brincando tivemos a certeza de ver o sonho transformado em realidade”. Entretanto, assegurar ele, “ainda temos muito o que conquistar e a nossa meta principal agora é a construção das piscinas para adultos e crianças. Depois do virão as quadras poliesportivas, o campo de futebol e a área verde destinada para a recreação das crianças”.
Ainda em fase de expansão do seu quadro de associados, o Clube Dops Comerciários de Ibicaraí está lançando títulos de propriedade no mercado que obedecem aos seguintes critérios: Titulo a vista: Cz$ 1.800,00. Titulo a prazo: Cz$ 1.850,00 com entrada de Cz$ 950,00 e uma prestação de Cz$ 900,00. Cz$ 1.960,00 com entrada de Cz$ 700,00 e duas de Cz$ 630,00 e Cz$ 2.040,00 com entrada de Cz$ 510,00 e três de Cz$ 510,00.

Você pode ver várias outras fotos da história do CCI no álbum do orkut do Clube e só clicar aqui.

sábado, 16 de abril de 2011

De Escola Comercial de Ibicaraí à Academia de Educação Montenegro

Os Primeiros passos
Área onde foi construída o 1° pavilhão da Escola comercial de Ibicaraí
No final de 1954 foi criada a CECI (Cooperativa de Educação e Cultura de Ibicaraí) ficando a frente da diretoria José Guedes de Magalhães - presidente, Óscar de Queiroz Matos - tesoureiro e Waldir Pinto Montenegro Matos - secretária.

Já em funcionamento a Cooperativa solicitou ao DEC (Departamento do Ensino Comercial) do MEC (Ministério de Educação e Cultura) no Rio de Janeiro - capital do brasileira na época - a criação do Ginásio Comercial, que tinha por finalidade educar adultos e para não competir com o Ginásio 14 de Agosto que funcionava pela manhã, deveria funcionar no período da noite.

Usando do prestígio político, o presidente da Cooperativa José Guedes não mediu esforços para concretizar a criação do Ginásio Comercial. No entanto, os empecilhos começaram a surgir após os diretores do CENEG - mantenedora do Ginásio 14 de Agosto - acharem que iriam ser prejudicados com a criação de uma nova escola. Em 1955 a solicitação foi atendida pelo diretor do Ensino Comercial Lafayette Belfort Garcia, que designou Bel Sebastião Nunes Viana inspetor do Ensino Comercial, para proceder a verificação prévia da Escola Comercial de Ibicaraí.

Naquela época o prefeito vigente Dr. Henrique Pimentel Sampaio fazia parte da diretoria do CENEG, era contra a criação da Escola Comercial e muito amigo de Sebastião Viana, por motivos inexplicáveis e de repente, o inspetor decidiu desobedecer as ordens do seu superior e retornou ao Rio de Janeiro, sem proceder a verificação prévia da Escola Comercial.

Diante do fato inusitado, o presidente da Cooperativa José Guedes não cruzou os braços, partiu para a Capital Federal e comunicou o ocorrido ao Dr. Lafayette, que imediatamente procedeu com exames de admissão para nomear os membros necessários à bancada examinadora. O jornalista inspetor Carlos Moura, de Ilhéus, o Professor Plínio de Almeida e o padre Nestor Passos, de Itabuna, foram os escolhidos para verificar os exames da escola Comercial.

Após a realização dos exames com 76 candidatos presentes, apenas 36 foram aprovados, os inspetores avaliaram e aprovaram a legalidade dos exames. Diante da conquista, o professor Plínio de Almeida proferiu que no dia 18 de março de 1956, seria realizada a aula inaugural. Porém, foi realizado no dia 22 de março, o início das aulas normais no salão da Escola Infantil do Estado, na área de propriedade da família Assis.

Lançamento da Pedra Fundamental
No dia 21 de setembro de 1956, professores, alunos e familiares seguiram pela entrada da cidade, para receber os representantes dos Colégios Cruzeiro do Sul, Técnicos de Comércio de Salvador e Escola Comercial de Itajuípe. Eles foram convidados para o Lançamento da Pedra Fundamental, que simbolizava a construção do prédio da Escola Comercial de Ibicaraí. O local foi um terreno doado pelo Cel. João Batista de Assis, onde hoje está localizada as Faculdades Montenegro. O cortejo seguiu em passeata através da Rua Professor Otávio Monteiro, da Avenida São Vicente de Paula e Rua Presidente Vargas, seguindo até o local onde D. Ambrosina Morais de Assis fez a entrega do terreno doado pelo seu marido João Batista de Assis.

Com a presença dos alunos e da comunidade, o padre Raimundo Araújo procedeu a bênção e os convidados implantaram a "Pedra Fundamental". Ao lado foi colocado uma garrafa contendo em seu interior, uma ata assinada por todos os presentes relatando o ocorrido.

Construção do 1° Pavilhão da Escola Comercial

Em 1957, já com a 1ª e 2ª séries, a escola mudou para o prédio do Monte Pio dos Artistas.
Como o a Escola era filiada da Cooperativa, o departamento de Ensino Comercial fornecia uma pequena verba, que era revertida em bolsas de estudo aos alunos carentes. Os recursos eram fiscalizados pelos professores Leopoldo Campos Monteiro e Maria Adélia Carvalho de Melo, Inspetores de ensino do MEC na região.

Em 1958, assim que aulas deram início, o professor Óscar Queiroz assumiu o cargo de diretor da escola e a professora Waldir Montenegro o cargo de secretaria. No mesmo ano, a necessidade da implantação da 3ª série, exigiu dos novos diretores um espaço para as aulas do novo curso, fato que foi solucionado com o aluguel de uma sala da firma Cacau Industria de Ibicaraí.

Prestes a deixar a cidade para morar em Santa Cruz da Vitória, José Guedes deu sua última contribuição para ascensão da Escola Comercial de Ibicaraí, contratou alguns trabalhadores e mandou roçar o terreno doado por João Batista de Assis, onde seria construído o 1° pavilhão.

No livro em homenagem aos 50 anos da Academia de Educação Montenegro, a professora Waldir Montenegro descreveu os primeiros passo da construção e como ficou o 1° pavilhão da Escola Comercial de Ibicaraí.
"Pouco a pouco as paredes foram sendo levantadas, comprávamos material fiado e com a contribuição das mensalidades dos alunos. O prédio constava de três salas grandes, separadas por tabiques de madeira, sendo no fundo uma sala com palco para reuniões, onde transformávamos num grande salão para apresentações, festas e exposições, na parte anterior, duas salas menores para localizar uma pequena biblioteca e a diretoria, que ficava ao lado de dois sanitários - masculino e feminino -, na parte da frente, uma modesta cantina e tudo coberto de telhas fabricado na região." (MATOS, Waldir M. Pinto, Jubileu de Ouro da AEM, 2006, pag. 03.)

A primeira Formatura
Em 1959, já com a criação da 4ª série, o ano letivo chegou ao final com muitas festas, principalmente com a de formatura da primeira turma em auxiliar de Escritório. Os festejos deu-se início na missa de primeira comunhão dos alunos, na Igreja Senhor Menino, sendo seguida para o Clube Social de Ibicaraí, que contou com a presença de autoridades de cidades vizinha, além de professores, estudantes e a alta sociedade do município.

Um grande salto
Quatro anos após o ocorrido na primeira verificação para a implantação da Escola Comercial de Ibicaraí. O Inspetor Federal Bel Sebastião Nunes Viana voltou ao município, agora para proceder um Relatório de Verificação Prévia e Aparelhamento Escolar da Escola Técnica de Comércio de Ibicaraí. Após a verificação do inspetor, o relatório foi enviado em 27 e 28 de janeiro de 1960, ao Diretor de Ensino Comercial, Dr, Lafayette Belfort Garcia, e também ao Coordenador Regional do estado, Dr, Hugo Xavier Marques. Logo no mês seguinte, a DNEC do MEC concedeu autorização para o funcionamento dos Cursos Comercial Básico, através da portaria n° 45 de 20 de fevereiro de 1960.

No dia 06 de março foi criada a Escola Normal de Ibicaraí, através do decreto 17.669 sancionada pelo governador Juracy Monteiro Magalhães. O ano letivo começou no mesmo mês recebendo os alunos concluintes do 1° Grau de várias escolas do município e região. A ampliação dos curso exigiu que os administradores aumentassem o prédio, então foi construído o 2° pavilhão, com duas salas pequenas para acomodar a Diretoria e a Secretaria, e três salas de aulas, separadas do pavilhão por uma área coberta livre na frente e uma parede ao fundo com portão, com vista para a Avenida São Vicente de Paula.

Em 1961 foi construído mais um prédio com duas salas, cobertas com lajes de concreto e cimento armado. Numa delas foi implantado um "escritório Modelo" com quinze maquinas de datilografia - três delas eram elétricas - onde os alunos aprendiam a profissão de contabilidade com o professor José Raimundo Dias; a outra sala foi preparada para o ensino de geografia, com mapas diversos, globo terrestre e também para aulas de desenho, com compassos, réguas, transferidores e todo o material de cartografia.

Foi feito um novo prédio em formato de L, com quatro salas no térreo e dois sanitários; numa das salas funcionava o Jardim Infantil, com alunos de 4 a 6 anos, equipada com todos os materiais necessários. Em outra salas funcionava a cozinha, onde se prepara a merenda escolar, ao lado da cozinha havia outra sala que servia como deposito para guardar o material esportivo. Com a mesma estrutura da parte térrea, a parte de cima foi construida mais quatro salas, bem iluminadas para o ensino primário de 1ª a 4ª série e sanitários. Assim que foi concluído o prédio, ainda em 1961, foi construída tembém, na parte central, uma Quadra Poliesportiva, com arquibancada.

Neste mesmo ano, muitos alunos que terminavam o primeiro Grau matriculavam-se nos cursos de magistério pela manhã ou técnico contabilidade à noite. Alguns chegavam a matricular-se em ambos os cursos.

Ginásio Secundário de Ibicaraí
No dia 08 de fevereiro de 1962, o Monsenhor Manoel Soares Barbosa, que na ocasião era o Inspetor Seccional do MEC de Salvador, assinou o ofício que permitiu a Escola Comercial lecionar o Ginásio Secundário, que contava com os cursos de 5ª a 8ª séries e o 2° Grau.
No mesmo mês foi realizado os exames de admissão, tendo como Comissão Examinadora os  professores: Lae Burk Galvão, Yolanda Maria Mery Guedes e Lígia Maria Lopes Queiros, coordenadas pelos professores: Óscar de Queiroz Matos e Waldir Pinto Montenegro Matos.

No dia 22 de dezembro ainda de 1962, foi realizada a primeira colação de grau das turmas do curso de magistério de 1° grau, normal e técnico em contabilidade.
A sessão solene foi realizada no próprio estabelecimento, e foi marcada pela presença de autoridades, professores, sociedade local e inúmeras pessoas de outros municípios.

A ascensão no esporte
Em 1963, os alunos da Escola Comercial começaram a se destacar no esporte regional e passaram a ser convidados para participar de diversos torneios em várias cidades. De acordo as conquistas, o status da Escola Comercial de Ibicaraí foi tomando grande dimensões, e por algumas vezes chegou a participar do Pentatlo nacional, conquistando bons resultados. A quadra poliesportiva ajudou nos treinamentos de algumas modalidades esportivas. No entanto, a falta de uma piscina aquática, para os treinos da natação, obrigou o professor Óscar de Queiroz, se deslocar com os alunos, até a um poço no Rio Salgado, para realizar os Treinos. No atletismo, os treinos eram realizados nas ruas da cidade.

A dedicação aos treinos forçados levou alguns alunos a se destacarem em algumas modalidades, sendo eles: as irmãs Alzira e Antônia Abreu de Melo, na ginástica de solo; Helenice Medesto, no atletismo feminino e Iram Pereira Santos, no masculino; Maria Aparecida, Elenice Modesto e Alberto Vieira , no handebol; Ana Paula Dias, na natação feminina e Wesley Silva Santana, no masculino; Pedro Paulo e Deraldo Fontes no vôlei masculino e Vera Dias, no feminino; Wilson S. Júnior no basquete masculino e Simone Matos, no feminino; Ismênio Scher e Deraldo Fontes, no tênis de mesa masculino e Edna Fontes, no feminino; e por fim, Deraldo Fontes como destaque também no futebol de salão e de campo.

O transporte dos alunos era realizado numa kombi do professor Óscar de Queiroz, que tinha o professor Julival Pereira dos Santos como principal colaborador.

Laboratório Dr. Armando de Miranda Souza

Em 1970 foi construído um novo pavilhão, com quatro novas salas, sendo que para uma delas foi designado o Laboratório de Analise Clínica, Física Química, e Anatomia. Devido aos serviços prestado pelo ao colégio e ao município, o Laboratório foi denominado em homenagem ao Dr. Armando de Miranda Souza. O laboratório contava com esqueleto, microscópio, centrífuga, corpo humano de plástico, mapas e todos os materiais apropriados para exames, sobre a direção do bioquímico Dr, Paulo Azevedo.

Academia de Educação Montenegro
Faculdades de Educação Montenegro
Em 18 de março de 1972, por indicação da Secretaria da Educação do Estado da Bahia, todos os cursos foram englobados e a escola passou a se chamar Academia de Educação Montenegro, em homenagem a família dos fundadores. A ata foi lavrada e registrada no Cartório de Títulos e Documentos de Registro Civil das Pessoas Jurídicas de Itabuna-Ba sob o n°. 7515, Livro 15.

Memórias de professora Waldir Montenegro
"Sou feliz em lembrar dos inúmeros momentos de alegria e descontração que a Academia Montenegro foi capaz de levar à comunidade de ibicaraiense. Uma das marcas registrada de nossa história está nos desfiles cívicos, nas apresentações artísticas culturais e religiosas que realizamos. Tínhamos prazer em comemorar com muito brilhantismo, as datas maiores de nosso povo. Ao som de músicas clássicas, marchas cívicas, fanfarra, bandas marciais e tiros de guerra desfilávamos pelas ruas da cidade onde éramos aclamados pela grande multidão que tinha prazer em acompanhar o nosso desfile.
Grandes vultos da história foram preservados na imaginação das pessoas, pois assim era o nosso desejo, e de manter viva a cultura de nossa gente e por amor a pátria.
As festas religiosas resplandeciam com muito amor e o mês de maio era dedicado a nossa padroeira "Nossa Senhora de Fátima". A nossa sensação sempre foi, a do dever cumprido."  (MATOS, Waldir M. Pinto, Jubileu de Ouro da AEM, 2006, pag. 04.)

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