sábado, 16 de abril de 2011

De Escola Comercial de Ibicaraí à Academia de Educação Montenegro

Os Primeiros passos
Área onde foi construída o 1° pavilhão da Escola comercial de Ibicaraí
No final de 1954 foi criada a CECI (Cooperativa de Educação e Cultura de Ibicaraí) ficando a frente da diretoria José Guedes de Magalhães - presidente, Óscar de Queiroz Matos - tesoureiro e Waldir Pinto Montenegro Matos - secretária.

Já em funcionamento a Cooperativa solicitou ao DEC (Departamento do Ensino Comercial) do MEC (Ministério de Educação e Cultura) no Rio de Janeiro - capital do brasileira na época - a criação do Ginásio Comercial, que tinha por finalidade educar adultos e para não competir com o Ginásio 14 de Agosto que funcionava pela manhã, deveria funcionar no período da noite.

Usando do prestígio político, o presidente da Cooperativa José Guedes não mediu esforços para concretizar a criação do Ginásio Comercial. No entanto, os empecilhos começaram a surgir após os diretores do CENEG - mantenedora do Ginásio 14 de Agosto - acharem que iriam ser prejudicados com a criação de uma nova escola. Em 1955 a solicitação foi atendida pelo diretor do Ensino Comercial Lafayette Belfort Garcia, que designou Bel Sebastião Nunes Viana inspetor do Ensino Comercial, para proceder a verificação prévia da Escola Comercial de Ibicaraí.

Naquela época o prefeito vigente Dr. Henrique Pimentel Sampaio fazia parte da diretoria do CENEG, era contra a criação da Escola Comercial e muito amigo de Sebastião Viana, por motivos inexplicáveis e de repente, o inspetor decidiu desobedecer as ordens do seu superior e retornou ao Rio de Janeiro, sem proceder a verificação prévia da Escola Comercial.

Diante do fato inusitado, o presidente da Cooperativa José Guedes não cruzou os braços, partiu para a Capital Federal e comunicou o ocorrido ao Dr. Lafayette, que imediatamente procedeu com exames de admissão para nomear os membros necessários à bancada examinadora. O jornalista inspetor Carlos Moura, de Ilhéus, o Professor Plínio de Almeida e o padre Nestor Passos, de Itabuna, foram os escolhidos para verificar os exames da escola Comercial.

Após a realização dos exames com 76 candidatos presentes, apenas 36 foram aprovados, os inspetores avaliaram e aprovaram a legalidade dos exames. Diante da conquista, o professor Plínio de Almeida proferiu que no dia 18 de março de 1956, seria realizada a aula inaugural. Porém, foi realizado no dia 22 de março, o início das aulas normais no salão da Escola Infantil do Estado, na área de propriedade da família Assis.

Lançamento da Pedra Fundamental
No dia 21 de setembro de 1956, professores, alunos e familiares seguiram pela entrada da cidade, para receber os representantes dos Colégios Cruzeiro do Sul, Técnicos de Comércio de Salvador e Escola Comercial de Itajuípe. Eles foram convidados para o Lançamento da Pedra Fundamental, que simbolizava a construção do prédio da Escola Comercial de Ibicaraí. O local foi um terreno doado pelo Cel. João Batista de Assis, onde hoje está localizada as Faculdades Montenegro. O cortejo seguiu em passeata através da Rua Professor Otávio Monteiro, da Avenida São Vicente de Paula e Rua Presidente Vargas, seguindo até o local onde D. Ambrosina Morais de Assis fez a entrega do terreno doado pelo seu marido João Batista de Assis.

Com a presença dos alunos e da comunidade, o padre Raimundo Araújo procedeu a bênção e os convidados implantaram a "Pedra Fundamental". Ao lado foi colocado uma garrafa contendo em seu interior, uma ata assinada por todos os presentes relatando o ocorrido.

Construção do 1° Pavilhão da Escola Comercial

Em 1957, já com a 1ª e 2ª séries, a escola mudou para o prédio do Monte Pio dos Artistas.
Como o a Escola era filiada da Cooperativa, o departamento de Ensino Comercial fornecia uma pequena verba, que era revertida em bolsas de estudo aos alunos carentes. Os recursos eram fiscalizados pelos professores Leopoldo Campos Monteiro e Maria Adélia Carvalho de Melo, Inspetores de ensino do MEC na região.

Em 1958, assim que aulas deram início, o professor Óscar Queiroz assumiu o cargo de diretor da escola e a professora Waldir Montenegro o cargo de secretaria. No mesmo ano, a necessidade da implantação da 3ª série, exigiu dos novos diretores um espaço para as aulas do novo curso, fato que foi solucionado com o aluguel de uma sala da firma Cacau Industria de Ibicaraí.

Prestes a deixar a cidade para morar em Santa Cruz da Vitória, José Guedes deu sua última contribuição para ascensão da Escola Comercial de Ibicaraí, contratou alguns trabalhadores e mandou roçar o terreno doado por João Batista de Assis, onde seria construído o 1° pavilhão.

No livro em homenagem aos 50 anos da Academia de Educação Montenegro, a professora Waldir Montenegro descreveu os primeiros passo da construção e como ficou o 1° pavilhão da Escola Comercial de Ibicaraí.
"Pouco a pouco as paredes foram sendo levantadas, comprávamos material fiado e com a contribuição das mensalidades dos alunos. O prédio constava de três salas grandes, separadas por tabiques de madeira, sendo no fundo uma sala com palco para reuniões, onde transformávamos num grande salão para apresentações, festas e exposições, na parte anterior, duas salas menores para localizar uma pequena biblioteca e a diretoria, que ficava ao lado de dois sanitários - masculino e feminino -, na parte da frente, uma modesta cantina e tudo coberto de telhas fabricado na região." (MATOS, Waldir M. Pinto, Jubileu de Ouro da AEM, 2006, pag. 03.)

A primeira Formatura
Em 1959, já com a criação da 4ª série, o ano letivo chegou ao final com muitas festas, principalmente com a de formatura da primeira turma em auxiliar de Escritório. Os festejos deu-se início na missa de primeira comunhão dos alunos, na Igreja Senhor Menino, sendo seguida para o Clube Social de Ibicaraí, que contou com a presença de autoridades de cidades vizinha, além de professores, estudantes e a alta sociedade do município.

Um grande salto
Quatro anos após o ocorrido na primeira verificação para a implantação da Escola Comercial de Ibicaraí. O Inspetor Federal Bel Sebastião Nunes Viana voltou ao município, agora para proceder um Relatório de Verificação Prévia e Aparelhamento Escolar da Escola Técnica de Comércio de Ibicaraí. Após a verificação do inspetor, o relatório foi enviado em 27 e 28 de janeiro de 1960, ao Diretor de Ensino Comercial, Dr, Lafayette Belfort Garcia, e também ao Coordenador Regional do estado, Dr, Hugo Xavier Marques. Logo no mês seguinte, a DNEC do MEC concedeu autorização para o funcionamento dos Cursos Comercial Básico, através da portaria n° 45 de 20 de fevereiro de 1960.

No dia 06 de março foi criada a Escola Normal de Ibicaraí, através do decreto 17.669 sancionada pelo governador Juracy Monteiro Magalhães. O ano letivo começou no mesmo mês recebendo os alunos concluintes do 1° Grau de várias escolas do município e região. A ampliação dos curso exigiu que os administradores aumentassem o prédio, então foi construído o 2° pavilhão, com duas salas pequenas para acomodar a Diretoria e a Secretaria, e três salas de aulas, separadas do pavilhão por uma área coberta livre na frente e uma parede ao fundo com portão, com vista para a Avenida São Vicente de Paula.

Em 1961 foi construído mais um prédio com duas salas, cobertas com lajes de concreto e cimento armado. Numa delas foi implantado um "escritório Modelo" com quinze maquinas de datilografia - três delas eram elétricas - onde os alunos aprendiam a profissão de contabilidade com o professor José Raimundo Dias; a outra sala foi preparada para o ensino de geografia, com mapas diversos, globo terrestre e também para aulas de desenho, com compassos, réguas, transferidores e todo o material de cartografia.

Foi feito um novo prédio em formato de L, com quatro salas no térreo e dois sanitários; numa das salas funcionava o Jardim Infantil, com alunos de 4 a 6 anos, equipada com todos os materiais necessários. Em outra salas funcionava a cozinha, onde se prepara a merenda escolar, ao lado da cozinha havia outra sala que servia como deposito para guardar o material esportivo. Com a mesma estrutura da parte térrea, a parte de cima foi construida mais quatro salas, bem iluminadas para o ensino primário de 1ª a 4ª série e sanitários. Assim que foi concluído o prédio, ainda em 1961, foi construída tembém, na parte central, uma Quadra Poliesportiva, com arquibancada.

Neste mesmo ano, muitos alunos que terminavam o primeiro Grau matriculavam-se nos cursos de magistério pela manhã ou técnico contabilidade à noite. Alguns chegavam a matricular-se em ambos os cursos.

Ginásio Secundário de Ibicaraí
No dia 08 de fevereiro de 1962, o Monsenhor Manoel Soares Barbosa, que na ocasião era o Inspetor Seccional do MEC de Salvador, assinou o ofício que permitiu a Escola Comercial lecionar o Ginásio Secundário, que contava com os cursos de 5ª a 8ª séries e o 2° Grau.
No mesmo mês foi realizado os exames de admissão, tendo como Comissão Examinadora os  professores: Lae Burk Galvão, Yolanda Maria Mery Guedes e Lígia Maria Lopes Queiros, coordenadas pelos professores: Óscar de Queiroz Matos e Waldir Pinto Montenegro Matos.

No dia 22 de dezembro ainda de 1962, foi realizada a primeira colação de grau das turmas do curso de magistério de 1° grau, normal e técnico em contabilidade.
A sessão solene foi realizada no próprio estabelecimento, e foi marcada pela presença de autoridades, professores, sociedade local e inúmeras pessoas de outros municípios.

A ascensão no esporte
Em 1963, os alunos da Escola Comercial começaram a se destacar no esporte regional e passaram a ser convidados para participar de diversos torneios em várias cidades. De acordo as conquistas, o status da Escola Comercial de Ibicaraí foi tomando grande dimensões, e por algumas vezes chegou a participar do Pentatlo nacional, conquistando bons resultados. A quadra poliesportiva ajudou nos treinamentos de algumas modalidades esportivas. No entanto, a falta de uma piscina aquática, para os treinos da natação, obrigou o professor Óscar de Queiroz, se deslocar com os alunos, até a um poço no Rio Salgado, para realizar os Treinos. No atletismo, os treinos eram realizados nas ruas da cidade.

A dedicação aos treinos forçados levou alguns alunos a se destacarem em algumas modalidades, sendo eles: as irmãs Alzira e Antônia Abreu de Melo, na ginástica de solo; Helenice Medesto, no atletismo feminino e Iram Pereira Santos, no masculino; Maria Aparecida, Elenice Modesto e Alberto Vieira , no handebol; Ana Paula Dias, na natação feminina e Wesley Silva Santana, no masculino; Pedro Paulo e Deraldo Fontes no vôlei masculino e Vera Dias, no feminino; Wilson S. Júnior no basquete masculino e Simone Matos, no feminino; Ismênio Scher e Deraldo Fontes, no tênis de mesa masculino e Edna Fontes, no feminino; e por fim, Deraldo Fontes como destaque também no futebol de salão e de campo.

O transporte dos alunos era realizado numa kombi do professor Óscar de Queiroz, que tinha o professor Julival Pereira dos Santos como principal colaborador.

Laboratório Dr. Armando de Miranda Souza

Em 1970 foi construído um novo pavilhão, com quatro novas salas, sendo que para uma delas foi designado o Laboratório de Analise Clínica, Física Química, e Anatomia. Devido aos serviços prestado pelo ao colégio e ao município, o Laboratório foi denominado em homenagem ao Dr. Armando de Miranda Souza. O laboratório contava com esqueleto, microscópio, centrífuga, corpo humano de plástico, mapas e todos os materiais apropriados para exames, sobre a direção do bioquímico Dr, Paulo Azevedo.

Academia de Educação Montenegro
Faculdades de Educação Montenegro
Em 18 de março de 1972, por indicação da Secretaria da Educação do Estado da Bahia, todos os cursos foram englobados e a escola passou a se chamar Academia de Educação Montenegro, em homenagem a família dos fundadores. A ata foi lavrada e registrada no Cartório de Títulos e Documentos de Registro Civil das Pessoas Jurídicas de Itabuna-Ba sob o n°. 7515, Livro 15.

Memórias de professora Waldir Montenegro
"Sou feliz em lembrar dos inúmeros momentos de alegria e descontração que a Academia Montenegro foi capaz de levar à comunidade de ibicaraiense. Uma das marcas registrada de nossa história está nos desfiles cívicos, nas apresentações artísticas culturais e religiosas que realizamos. Tínhamos prazer em comemorar com muito brilhantismo, as datas maiores de nosso povo. Ao som de músicas clássicas, marchas cívicas, fanfarra, bandas marciais e tiros de guerra desfilávamos pelas ruas da cidade onde éramos aclamados pela grande multidão que tinha prazer em acompanhar o nosso desfile.
Grandes vultos da história foram preservados na imaginação das pessoas, pois assim era o nosso desejo, e de manter viva a cultura de nossa gente e por amor a pátria.
As festas religiosas resplandeciam com muito amor e o mês de maio era dedicado a nossa padroeira "Nossa Senhora de Fátima". A nossa sensação sempre foi, a do dever cumprido."  (MATOS, Waldir M. Pinto, Jubileu de Ouro da AEM, 2006, pag. 04.)

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